sábado, 27 de dezembro de 2008

Canal do Sururú

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A região amazônica, que abrange 60% do território brasileiro, tem uma população de aproximadamente 20 milhões de habitantes, 50% dos quais residindo em áreas rurais, ao longo dos cursos dos rios, paranás, furos, canais e lagos. Seu principal meio de locomoção, muitas vezes único, é através de embarcações.

A disponibilidade de documentação de navegação, cartas fluviais ou croquis, é muito pequena, restringindo-se aos rios e paranás com expressivo fluxo comercial, ligando os principais centros urbanos, basicamente as capitais dos estados, ou localidades de produção mineral (petróleo, bauxita, calcário) e hidrelétrica. Sinalizações náuticas para navegação e segurança estão instaladas apenas nos rios cartografados.

Diversos locais, pelo seu alto fluxo de embarcações de transporte de passageiros e/ou de carga, necessitam de sinalização de segurança ou de orientação, através de bóias ou balizas, em perigos isolados ou canais de acesso, ainda que não cartografados.

Cientes que o maior problema é o do custo de implantação e manutenção da sinalização, propusemos um acessório de baixo custo para sinal náutico, adequado para utilização por embarcações que não têm radar, e sim farol de luz, situação típica das embarcações da Amazônia.


Foi construído um “Refletor de Luz” composto de dois triedros refletivos com 50cm nas arestas ortogonais, fixados entre si, posicionados de maneira a cobrirem, ambos, o mesmo setor, de 90°, dobrando assim a potência refletida.



O “Refletor de Luz” foi instalado a 7m de altura em uma árvore na entrada Sul do Canal do Sururú, no Rio Tapajós, localizada nas coordenadas geográficas:

Lat S 02° 15’ 58,5”
Long W 54° 49’ 59,2”


O canal do Sururú é demandado por embarcações de pequeno e médio porte, no período da cheia, que saem de Santarém para localidades a montante do Rio Amazonas. O canal dá acesso ao Furo do Jari, o qual tem saída para o Rio Amazonas a montante de Carariacá, saída esta localizada nas coordenadas geográficas:

Lat S 02° 10’ 38,8”
Long W 54° 52’ 53,4”

A entrada Sul do Canal do Sururú está localizada na Enseada das Araras, de difícil visualização mesmo a pequena distância. Durante o dia é utilizada como referência, precariamente, a torre de telefonia da comunidade de Arapixuna, localizada nas coordenadas geográficas:

Lat S 02° 13' 35,2''
Long W 54° 50' 59,2''

Esta torre não possui iluminação, impossibilitando sua visualização noturna.

Coordenadas geográficas no Datum “Córrego Alegre – Minas Gerais”, obtidas nas cartas fluviais 4381A “Rio Tapajós – de Santarém a Surucuá” e 4103B “Rio Amazonas – da Costa do Ituqui à Ilha do Meio”, elaboradas pela DHN - Diretoria de Hidrografia e Navegação, Marinha do Brasil.


O “Refletor de Luz” apresentou boa visualização noturna à distância de 2,5 milhas náuticas, quando utilizado um farol de 100W a 5m de altura sobre a superfície da água, e comando a 4m de altura, em noite sem luar. A distâncias inferiores a 0,55 milha náutica o “Refletor de Luz” pode ser visualizado com uso de lanterna de mão. De maneira geral os faróis variam de 50W a 600W de potência.

O refletor e sua instalação foram custeados por 27 das embarcações que demandam o Canal do Sururú regular ou esporadicamente, listadas abaixo:

B/M Nheengatu,
B/M Nova Estrela IV,
B/M Fazenda São Manoel I,
B/M Pioneiro,
B/M Miranda Souza,
B/M Souza Pereira,
B/M Tamandaré,
B/M Primavera,
B/M Duarte,
B/M Ideal,
B/M 5 de Agosto,
B/M Viana Neto,
B/M Tangará,
B/M Ralisson,
B/M Amazonas,
B/M Zé Carlos,
B/M Apocalipse,
B/M Dona Zizi,
B/M Asa Branca,
B/M Antônio Juraci,
B/M Canindé,
B/M Jorge Olinto,
B/M Barão do Uruará,
B/M São Bartolomeu I,
B/M Capitão Porto,
B/M Antônio Ailson,
B/M Bonança

O “Refletor de Luz” pode ser instalado em balizas ou bóias, à semelhança do “Refletor Radar”, isoladamente ou em grupo dependendo do setor a ser abrangido e seu tamanho determinado dependendo da distância a partir da qual se necessita visualizá-lo. Ao “Refletor de Luz” podem ser incorporados filtros de cor para adequá-lo ao sinal náutico. É um equipamento passivo, não sendo necessário fornecimento de energia elétrica.

Fotos:

Embrapa - O Brasil Visto do Espaço, Foz do Rio Tapajós

© Nelson Wisnik, 2006 - refletor de luz e Canal do Sururú