terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Afinal, do que se trata?

aquecimento global COP 15 Copenhague concentração de co2 temperatura atmosfera

Nesta semana se realiza a tão falada e esperada Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), em Copenhague. Qual é a grande questão, afinal?

A ciência trata de estabelecer relações entre fenômenos naturais (através de equações, por exemplo) que sirvam de modelos matemáticos dos fenômenos observados, a partir dos quais se possam inferir efeitos a partir de eventos causais, naturais ou não.

Os gráficos ilustram, no eixo horizontal, a linha do tempo dos últimos 400 mil anos passados contados para trás a partir do ano de 1950, o qual corresponde ao zero na extremidade direita do eixo.

No gráfico superior, o eixo vertical corresponde à concentração de gás carbônico (CO2) na atmosfera terrestre em “ppmv” (partes por milhão, volumétricas). Nele se observa basicamente que a concentração de CO2 não se manteve estável ao longo desse tempo, mas sim apresentou oscilações entre concentrações de 180ppmv a 290ppmv. Quer dizer, para cada milhão de partes dos gases componentes da atmosfera terrestre (Nitrogênio, Oxigênio, Argônio, principalmente), de 180 a 290 correspondiam ao gás carbônico.

No gráfico inferior, o eixo vertical corresponde à temperatura média global da atmosfera, tendo como referência a normal climatológica tomada entre os anos de 1961 a 1990, que corresponde ao zero nesse eixo. Também se observa que a temperatura da atmosfera não se manteve estável ao longo desse tempo, apresentando oscilações desde temperaturas de 9ºC abaixo da atual até 3ºC acima.

A essa altura o leitor já deve ter observado a nítida correlação entre as variações da concentração de CO2 na atmosfera e da temperatura média dessa mesma atmosfera, ou seja, quando a concentração de CO2 estava mais alta a temperatura da atmosfera também era mais elevada, ou vice versa.

Algumas hipóteses podem ser levantadas:

Primeira, a temperatura da atmosfera e a concentração de CO2 não têm relação entre si, tratando-se efetivamente de uma (improvável) coincidência;

Segunda, a temperatura da atmosfera e a concentração de CO2 têm correlação com um terceiro fator, não identificado, que, ao variar, faz variarem também a temperatura e a concentração de CO2;

Terceira, a concentração de CO2 está relacionada à temperatura da atmosfera, que, ao variar, faz com que a concentração de CO2 se altere também, proporcionalmente;

Quarta, a temperatura da atmosfera está relacionada à concentração de CO2, que, ao variar, faz com que a temperatura da atmosfera se altere também, proporcionalmente.

Valendo a primeira, a segunda ou a terceira hipóteses a temperatura da atmosfera terrestre poderá entrar em declínio novamente reproduzindo variações observadas anteriormente, tese defendida por parte dos cientistas.

Valendo a quarta hipótese, a temperatura da atmosfera terrestre se elevará acompanhando a elevação da concentração de CO2. Os modelos físicos relacionados à emissão de radiação da Terra para o espaço e à absorção e retenção da energia solar pela Terra apontam para esta última hipótese, defendida por grande parte dos cientistas.

No tempo presente, que se configura na extremidade direita do gráfico superior, indiquei a elevação da concentração de CO2 ocorrida desde o início da revolução industrial, que teve lugar a partir do final do século 19, culminando com os atuais 380ppmv de concentração de CO2 na atmosfera.

O modelo econômico mundial está baseado no consumo, o qual requer produção, a qual requer energia, cuja matriz se sustenta em combustíveis não renováveis que têm como subproduto o CO2, que é jogado na atmosfera.

Parece até haver consenso na necessidade de se reduzir as emissões de CO2 na atmosfera, mas não em quanto reduzir nem quem reduzirá mais, pois esta mudança representará, ou a redução da atividade industrial (e lucro), ou a adoção de mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL) e os custos advindos dessa mudança. O próximo passo poderá ser anular as emissões e, posteriormente, seqüestrar mesmo parte do CO2 contido na atmosfera. Já há grupos de pesquisa trabalhando nisso.

Em discussão, vamos acompanhar pra ver.

Gráfico: UN

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

ameaça ao rio Tapajós

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Sazonalmente, nas águas do Rio Tapajós, região oeste do Estado do Pará, amazônia brasileira, observa-se verdadeira explosão populacional de cianobactérias, com consequências sobre o provimento de água para populações ribeirinhas, as quais se servem das águas superficiais.

Também, é notável o aumento da intensidade dessa explosão em anos mais recentes, possivelmente acarretado pela eutroficação devido ao intenso uso de fertilizantes agrícolas em culturas cada vez mais próximas à margem, em visível desrespeito à regulamentação das matas ciliares.

Foto: © Nelson Wisnik, 2008

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

as águas do rio Tapajós

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A qualidade das águas do rio Tapajós foi objeto de estudo durante a Expedição Científica no Rio Tapajós de 29 de outubo a 01 de novembro de 2005, auge da forte estiagem que acometeu a Amazônia naquele ano.

Amostras de água e plâncton foram coletadas em posições logo a jusante das cachoeiras do Maranhãozinho em São Luiz do Tapajós, a montante de Itaituba, Barreiras, Brasília Legal, Fordlândia, Aveiro, na foz do rio Cupari, no Lago do Tavio e na Ponta do Cururú, próxima a Alter do Chão.

As amostras foram submetidas a treze testes de caracterização físico-química, alguns realizados a bordo do Nheengatu e outros nos laboratórios da UFPA. Os resultados das análises foram apresentadas pelo Prof. Reinaldo Peleja no IV Encontro de Estudos e Debates sobre Águas Doces do Baixo Amazonas, realizado no auditório do IESPES.

Das análises se constatou ser a água do Tapajós POTÁVEL nos locais amostrados. Os resultados de todos os estudos foram colocados à disposição da comunidade. Saliente-se terem sidos coletadas as amostras em situação extremamente desfavorável devido ao nível bastante baixo do rio naquela ocasião. Os resultados servem para comparação com outros estudos que venham a ser realizados.

Foto: © Nelson Wisnik, 2007
......... Rio Tapajós, visto do alto da Serra da Piroca, Alter do Chão
......... em primeiro plano o Lago das Piranhas
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domingo, 1 de novembro de 2009

há quatro anos

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Há quatro anos, no auge de forte estiagem na Amazônia, foi realizada uma expedição científica no Rio Tapajós, conforme projeto elaborado pelo Prof. Miguel Borghezan, a qual tive o privilégio de comandar.

1. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

O Fórum das Instituições de Ensino Superior de Santarém, formado pelas Coordenações de Pesquisa da UFPA, ILES/ULBRA, ISES/FIT, IESPES, UEPA e UFRA, dirigido nesta data pela FIT (Coordenação Geral) e UEPA (Vice-Coordenação), com a colaboração da Delegacia da Capitania dos Portos de Santarém, do Jornal das Águas e do B/M Nheengatu, visando dar efetividade aos objetivos que justificaram sua criação, nos termos do Regimento Interno, organiza e realiza a PRIMEIRA EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DAS IES DE SANTARÉM, no rio Tapajós, para coleta de dados, materiais, algumas medições, batimetria, registros fotográficos, filmagens, documentação e eventuais experimentos.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SINTÉTICA DO PROJETO

A bacia do rio Tapajós tem grande importância para a cidade de Santarém em diversos aspectos. Com cerca de 40% situado em território paraense e 60% no Mato Grosso, o rio Tapajós pode servir à implantação de hidrovia para transporte de cargas e passageiros. Também é pólo turístico reconhecido pelo Governo do Estado do Pará no âmbito das políticas públicas. Conhece-se pouco do estado das águas e da calha do Tapajós. Cresce de importância uma verificação agora com o baixo volume d’água existente, nesta ocasião de grande vazão, considerada de nível extraordinário. Fala-se na imprensa de “seca na Amazônia”, inclusive com a prestação de auxílio e socorro a populações isoladas desde o Acre até o Pará. Registra-se ser a maior vazante dos últimos quarenta anos em Santarém, onde a prefeita decretou Situação de Emergência por 90 dias (Decreto Municipal nº 421, de 18.10.2005)
[1]. A Delegacia da Capitania dos Portos em Santarém recomenda não viajar à noite em certos trechos. Dadas essas condições, parece altamente relevante do ponto de vista da pesquisa, documentar, registrar e verificar a situação do rio Tapajós, desde sua foz no rio Amazonas até a localidade de São Luiz do Tapajós, um pouco acima da cidade de Itaituba, antes da cachoeira “denominada Maranhãozinho, nas proximidades da barra do afluente da margem esquerda do rio Tracoá” [2]. Trata-se do curso do Baixo Tapajós, como é conhecido pela hidrografia. Como está a saúde do Tapajós, a qualidade de suas águas e de tributários, o relevo do fundo, o nível de açoreamento, a aptidão para a navegação, enfim, dados e registros que permitam às IES produzir pesquisa, artigos científicos, manifestações fundadas na realidade, da qual depende a melhor ou pior qualidade de vida de muitas pessoas em nossa região, principalmente no Município de Santarém.

3. OBJETIVOS

3.1 Geral
Reconhecer as condições gerais da calha e das águas no chamado Baixo rio Tapajós, recolhendo dados, elementos e materiais, fazendo medições, batimetria, registros fotográficos, filmagens para documentação e eventuais experimentos.

3.2 Específicos
* realizar o levantamento da situação da calha e margens do Baixo rio Tapajós mediante fotos e filmagens, demonstrando suas condições físicas gerais.
* promover a análise físico-química das águas do Baixo rio Tapajós, mediante coleta e análise em alguns pontos do seu curso, inclusive ph, oxigênio dissolvido e turbidez.
*recolher amostras de elementos, componentes, dados e eventualmente registro de temperatura, demonstrativos da situação das águas do Baixo rio Tapajós.
* Verificar as condições de navegabilidade, inclusive realizando a batimetria no interesse da navegação no Baixo rio Tapajós.
* Documentar áreas, sítios, relevos, acidentes geográficos e outros de interesse turístico, paisagístico, histórico e artístico no Baixo rio Tapajós.

3.3 Metas
Chamar a atenção do Poder Público, de instituições organizadas da sociedade, em especial das IES de Santarém e da população em geral, para a importância de se estudar melhor a situação do Baixo rio Tapajós, no sentido de permitir ações, medidas corretivas e preventivas da degradação das águas e do meio ambiente. Despertar o interesse imediato de prefeitos, vereadores e pessoas em geral na prevenção, proteção e recuperação das águas doces superficiais e seu meio ambiente natural, inclusive da faixa ciliar de proteção permanente do entorno delas, para que mantenham ou recuperem o volume e a qualidade. Fortalecer a consciência ecológica individual de todos, buscando formar uma opinião pública contra a degradação e a poluição das águas doces superficiais. Encorajar práticas éticas e políticas públicas que melhorem a vida e a qualidade de vida das pessoas que habitam ou ocupam as margens dos cursos d’água, tomando em conta a necessidade de também melhorar a saúde dos corpos hídricos, buscando um desenvolvimento sustentável.

A viagem, de ida e volta da foz até as cachoeiras do Maranhãozinho, em São Luiz do Tapajós, teve a duração de quatro dias, sendo navegadas cerca de 550 milhas náuticas (mais de 1000km). Redigi uma reportagem sobra a viagem, publicada no Jornal das Águas [3], disponível nas bibliotecas das instituições de ensino de Santarém.

Apoiaram a realização da Expedição a Prefeitura Municipal de Santarém, a Capitania dos Portos, a Delegacia Fluvial de Santarém, o Jornal das Águas, o B/M Nheengatu, de Nelson Soares Wisnik e o Residencial Negócios Imobiliários Ltda.

Na foto, tirada em primeiro de novembro de 2005, a equipe da Expedição: da esquerda para a direita, o arrais Edson Azevedo de Jesus, o professor e comandante Nelson Wisnik, o B/M Nheengatu, as acadêmicas de biologia da UFPA Karla Katrine do Amaral Serique e Paula Regina da Silva Filha, os sargentos Romildo e Márcio da Delegacia Fluvia de Santarém, o acadêmico de biologia da FIT e servidor da FUNASA Joaquim Martins da Silva e, importantíssima, a cozinheira Maria Elenilza Figueiras.

Por trás da câmera fotográfica Carlos de Matos Bandeira e seu filho, o cinegrafista Carlos de Matos Bandeira Júnior. A foto foi tirada na praia de Muretá, imediatamente a montante de Alter do Chão onde, após os quatro dias de viagem, a equipe parou para um relaxante banho de rio.

[1] Jornal Gazeta de Santarém nº 816, de 20 a 21 out 2005, p.2.

[2] TRISCIUZZI NETO, Leonardo. Rios da Amazônia: coletânea de dados; pequeno roteiro, 3a edição. Niterói: DHN, 2001, p.120.

[3] Jornal das Águas, Ano VI, Número 22, Dez/05 a Fev/06, ISSN 1809-3329. - Veículo de Informação da Coordenação de Extensão do Centro Universitário Luterano de Santarém, especializado em recursos hídricos.

Foto: Carlos Bandeira, © FIES, 2005.

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sábado, 17 de outubro de 2009

que retornem a Santarém

cerâmica tapajônia museu devolução centro cultural devolução cultura

Nesta sexta-feira, dia 16, foi sancionada pela Governadora Ana Júlia Carepa a Lei 7.313/2009 que declara a Cerâmica Tapajônica como Patrimônio Cultural e Artístico do Estado do Pará.

Proponho um movimento amplo, englobando a Secretaria Municipal de Cultura de Santarém, a Associação Empresarial e Comercial, a UFPA, a UEPA, a FIT, o IESPES, a ULBRA, a UFRA, a mídia em todas suas formas, os artistas, os educadores, os estudantes, o Deputado Carlos Martins, a Assembléia Legislativa do Estado do Pará, os deputados federais e os senadores do Estado do Pará, e o próprio Governo do Estado do Pará, pela devolução a Santarém das peças de cerâmica tapajônica que se encontram no MAE - Museu de Antropologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, para ficarem, em exposição permanente, no Centro Cultural João Fona.

Leia mais um pouco sobre a cerâmica tapajônica em postagem de 19 de abril pp e sobre o Centro Cultural João Fona em postagem de 29 de junho de 2008.

Foto: © N. Wisnik, 2008
..........Centro Cultural João Fona
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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

a ilusão do carro elétrico - Blog Action Day

Há uma confusão sobre o real papel do carro elétrico e a mídia não tem contribuído para seu esclarecimento.

A eletricidade é apenas um “vetor energético” em substituição ao “vetor químico” dos combustíveis baseados em hidrocarbonetos. A energia utilizada para carregar as baterias dos carros elétricos vem da mesma matriz energética, que é apoiada fundamentalmente em fontes de energia não renováveis.

Carros elétricos constituem uma opção ambiental para regiões metropolitanas apenas sob a ótica da poluição local, tanto sonora quanto atmosférica, pois a poluição que não ocorre na cidade ocorre em maior quantidade no local da produção da energia elétrica devido à inserção da conversão de energia no sistema, a conversão da energia química em elétrica.


Hoje é o Blog Action Day, Dia de Ação “Blogal” (blogs em ação global), para saber mais visite o site listado no menu deste blog .

Atualizando esta postagem, em tempo de COP-21 Paris, sugiro a leitura de
http://outraspalavras.net/blog/2015/12/08/automoveis-nem-a-eletricidade-salva/ 

domingo, 14 de junho de 2009

quem tem a ensinar?

Duas palmeiras, muito parecidas, distinguíveis apenas através de detalhada análise taxonômica, estão sujeitas a intervenções diferenciadas devido às culturas das regiões nas quais proliferam.

Na Mata Atlântica proliferava a Euterpe edulis, conhecida como palmeira Jussara, de onde é extraído o palmito, atividade predatória que a levou à beira da extinção, que só recentemente tem seu quadro aparentemente sendo revertido.

Na Amazônia prolifera a Euterpe oleracea, conhecida como açaí, de cujo fruto é extraído nutritivo ingrediente da culinária regional.

Na costa atlântica, região "civilizada e desenvolvida", não se soube fazer uso de um importante recurso florestal de maneira sustentável, enquanto que os povos da floresta o fizeram.

Este é apenas um exemplo dentre várias atividades que nos fazem perguntar: quem tem a ensinar?

Leia também a postagem "Floresta em Pé", de 29 de março de 2008, neste mesmo blog.

Foto: © Nelson Wisnik, 2009 - muda de palmeira Jussara, Euterpe edulis, cedida para replantio pela Prefeitura Municipal de São Vicente

domingo, 7 de junho de 2009

criada a Resex Renascer

. extrativismo reserva amazônia extrativista sustentabilidade sustentávelFoi criada, em 05 de junho próximo passado, mais uma Reserva Extrativista, a RESEX Renascer, no município de Prainha, Estado do Pará, ápice de um processo que já se estendia por mais de dez anos, reinvindicação antiga das populações tradicionais locais.
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"Uma Reserva Extrativista (RESEX) está relacionada a uma área onde as questões ambientais e sociais são indissolúveis, "é uma área utilizada por populações locais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade".
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“As Reservas Extrativistas são espaços territoriais destinados à exploração auto-sustentável e conservação dos recursos naturais renováveis, por populações tradicionais. Em tais áreas é possível materializar o desenvolvimento sustentável, equilibrando interesses ecológicos de conservação ambiental, com interesses sociais de melhoria de vida das populações que ali habitam.”

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leia mais sobre extrativismo em postagens anteriores, de primeiro de maio, "extrativismo e desenvolvimento sustentável" e "a Carta de Belém"

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domingo, 31 de maio de 2009

A Internacionalização do Mundo

por Cristovam Buarque
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Durante debate em uma Universidade, nos Estados Unidos, fui questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. Foi a primeira vez que um debatedor determinou a ótica humanista como o ponto de partida para uma resposta minha.
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De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.

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Respondi que, como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, podia imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade.

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Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Os ricos do mundo, no direito de queimar esse imenso patrimônio da Humanidade.

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Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

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Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

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Durante o encontro em que recebi a pergunta, as Nações Unidas reuniam o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu disse que Nova York, como sede das Nações Unidas, deveria ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza especifica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

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Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

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Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o pais onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver.

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Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa.

O fato que deu origem a este artigo ocorreu em Nova York, nas salas de convenções do Hotel Hilton, durante o encontro do State of the World Forum, em Setembro de 2000. O artigo foi publicado no Globo e no Correio Braziliense, logo depois.
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Cristovam Buarque é doutor em economia e professor do Departamento de Economia da UnB (Universidade de Brasília), foi governador do Distrito Federal pelo PT (1995-98). Autor, entre outras obras, de "A Segunda Abolição" (editora Paz e Terra).

Imagem: Ilha Grande do Tapará, em frente a Santarém (PA), onde o Rio Amazonas tem largura de 50km entre margens de terra firme

Fonte: EMBRAPA - Brasil Visto do Espaço
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domingo, 10 de maio de 2009

hidrelétricas na Amazônia

. Hidrelétricas Amazônia Balbina Tucuruí Belo Monte Jirau Santo Antônio rio Uatumã Tapajos Trombetas Xingu Usinas hidrelétricas geram eletricidade a partir de dois fatores, a queda d’água e a vazão do rio. A potência de uma usina hidrelétrica está associada ao produto destes dois fatores. Aproveitamento hidrelétrico é economicamente viável desde que apresente queda d’água expressiva ou grande vazão. Não há dúvidas sobre o aproveitamente se a queda e a vazão são grandes. Usinas de baixa queda d’água necessitam de grande vazão.
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A Amazônia é uma extensa planície atravessada por rios de grande vazão e baixa declividade, com expressiva variação de nível entre a época da cheia e da vazante. Aproveitamento hidrelétrico na Amazônia, para ser economicamente viável, requer a formação de grandes reservatórios, com alterações ambientais de consequências imprevisíveis e altos custos sociais.
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Os povos tradicionais, nativos e quilombolas residentes na região amazônica não são contemplados com os benefícios da energia ali gerada. Há um vazio energético na região, basta consultar os mapas disponibilizados pela ONS – Operador Nacional do Sistema. Pior que isso, a parca energia disponibilizada tem o maior custo dentre as regiões do Brasil, o que pode ser constatado através do documento “Indicadores de Competitividade na Indústria Brasileira”, emitido pelo CNI – Confederação Nacional da Indústria.
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Tomando-se como exemplo a usina hidrelétrica de Tucuruí, foram construídos milhares de quilômetros de linhas de transmissão de energia elétrica para conectá-la ao SIN – Sistema Integrado Nacional, mas nenhum para energizar as cidades e comunidades da margem esquerda do Rio Amazonas, a região chamada Calha Norte.
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A Compensação Financeira, rateada entre os Estados e Municípios afetados na área de produção da energia, corresponde a 6% do faturamento calculado pela TAR – Tarifa Atualizada de Referência, enquanto que os Estados consumidores recebem mais de 25% através do ICMS.

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Enquanto os povos da Amazônia são taxados de egoístas por sua restrição à construção das usinas, Estados como São Paulo e Paraná se dão ao luxo de rejeitar novos aproveitamentos hidrelétricos nestes Estados baseados nos mesmos argumentos que negam àqueles.
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Há um preceito financeiro que estabelece que não se pode gastar mais do que se recebe. Isto também deve ser seguido com relação à energia. O modelo desenvolvimentista está baseado puramente no crescimento, não na estabilidade sustentável. Há um limite e, quanto mais cedo a ele nos adaptarmos, se oportunidade ainda houver, menos traumático será.

Foto: Reservatório da UHE Balbina, no Rio Uatumã, AM
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....... EMBRAPA, Brasil Visto do Espaço

quinta-feira, 7 de maio de 2009

CARTA ABERTA ÀS AUTORIDADES E À POPULAÇÃO BRASILEIRA

bacia do tapajós usinas hidrelétrica são luis do tapajós carta aberta amazônia Documento do II Seminário de Debates Sobre o Projeto Governamental das Hidrelétricas na Bacia do Tapajós
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Frente aos planos governamentais, nacionais e internacionais, de destruição dos povos, meio ambiente e do próprio Rio Tapajós, não vamos continuar passivos. O governo brasileiro NÃO TEM O DIREITO de violentar nossa dignidade, criando hidrelétricas sem dialogar com as populações que sofrerão os impactos negativos. O governo brasileiro NÃO PODE descumprir a Constituição Federal ou modificá-la para beneficiar as grandes empresas e as imposições do capital internacional.
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Temos clareza de que os impactos ambientais, econômicos, sociais e culturais, na bacia do Rio Tapajós comprometem a vida humana, animal e vegetal, sem respeitar fronteiras geopolíticas, nem acordos governamentais. Assim, denunciamos a conivência passiva e ativa do governo e seus órgãos, diante dos crimes cometidos pelas empresas construtoras de barragens (Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa, etc.) e empresas eletro-intensivas (Albras, Alunorte, VALE, Pará Pigmento, Alcoa, Itacimpasa, Imerys Rio Capim Caulim, etc.) que consomem muita energia, geram pouco emprego, saqueiam nossos recursos naturais, contaminam nossos rios, terra, floresta, ar e destroem e violam os direitos das comunidades locais e comunidades indígenas.

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Diversas Unidades de Conservação na região do Tapajós foram criadas no âmbito do Sistema Nacional de UCs, incluindo algumas inseridas na categoria de proteção integral, dentre as quais o Parque Nacional da Amazônia, com mais de 1 milhão de hectares e sob a zona de impacto imediato do complexo de hidrelétricas proposto, com perda considerável para a biodiversidade ali existente; sem contar de outras: Flonas Itaituba I e II, Flona Amana, Flona Jamanxim, Flona do Crepori, Flona do Trairão, APA Tapajós, PARNA Jamanxim, PARNA Rio Novo.

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Diante do desrespeito das autoridades para com nossos povos, nós, ribeirinhos, agricultores familiares, pescadores, indígenas, sócio-ambientalistas, educadores populares, jovens, homens e mulheres atingidos e ameaçados pelo Complexo do Tapajós, e por outras obras, decidimos que:

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Não aceitamos e declaramos que somos contrários ao Complexo Hidrelétrico do Tapajós que, além de prejudicar nossa cultura e meio ambiente, não nos trará benefícios, beneficiando apenas o grande capital e empresas nacionais e estrangeiras.
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Não admitimos ser tratados como entraves ao crescimento econômico do Brasil, pois somos brasileiros e brasileiras e sofreremos todas as conseqüências destes projetos hidrelétricos.
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Declaramos nossa luta incansável em defesa dos direitos dos povos ribeirinhos, agricultores familiares, pescadores, quilombolas, indígenas e populações tradicionais atingidas e ameaçadas pelo Complexo do Tapajós.
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Nós, aproximadamente 415 homens e mulheres presentes no Parque de Exposições Hélio da Mota Gueiros na cidade de Itaituba, populações indígenas e não indígenas da Bacia do Rio Tapajós, sabemos o que queremos e precisamos para desenvolver nossa região, pois isso já fazemos ao longo dos anos.

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Queremos ser respeitados e respeitadas pelas políticas governamentais.
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Queremos investimentos nas políticas públicas de saúde, educação, moradia, agricultura familiar, pesca, estradas e vicinais e tudo o mais que precisamos para viver com dignidade e conservar o meio ambiente e a cultura para as presentes e futuras gerações.
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Por fim, manifestamos nosso apoio e solidariedade aos companheiros e companheiras criminalizados (MAB, MST, FETAGRI, STTR, CPT) vítimas das conseqüências da barragem de Tucuruí, após 30 anos de sua construção.
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QUEREMOS OS RIOS VIVOS PARA AS PRESENTES E FUTURAS GERAÇÕES!
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O POVO QUER SER RESPEITADO!
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Itaituba, 30 de abril de 2009
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COMUNIDADE DE SÃO LUIZ DO TAPAJÓS
COMUNIDADE DO PIMENTAL
FÓRUM DOS MOVIMENTOS SOCIAIS DA BR 163
FRENTE EM DEFESA DA AMAZÔNIA - FDA
COMUNIDADE DE BARREIRAS
COMUNIDADE DE CAMPO VERDE (KM 30 DA TRANSAMAZÔNICA)
COMUNIDADE INDÍGENA ALDEIA NOVA
COMUNIDADE INDÍGENA PRAIA DO MANGUE
COMUNIDADE INDÍGENA PRAIA DO ÍNDIO
COMUNIDADE DO CURI
COMUNIDADE DE BARREIRAS
COMUNIDADE DE FORDLÂNDIA
COMUNIDADE DO JURUTI
MOVIMENTO XINGU VIVO PARA SEMPRE
ARTICULAÇÃO PANAMAZÔNICA – APAN/FSM
INTERNATIONAL RIVERS
RÁDIO RURAL DE SANTARÉM
IAMAS - INSTITUTO AMAZÔNIA SOLIDÁRIA E SUSTENTÁVEL
FASE Amazônia (Federação de Órgãos para assistência social e educacional)
FUNDO DEMA
FAOR
COLÔNIA DE PESCADORES DE ITAITUBA
COLÔNIA DE PESCADORES DE JACAREACANGA
CPT (COMISSÃO PASTORAL DA TERRA de Santarém)
FVPP (FUNDAÇÃO VIVER PRODUZIR E PRESERVAR)
MMCC BR 163-PARÁ
MMCC de Altamira
MMCC-PARÁ (MOVIMENTO DE MULHERES DO CAMPO E DA CIDADE)
ASFITA (Associação dos Filhos de Itaituba)
STTR- Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Itaituba
AMIPARNA – Organização amigos do Parque Nacional da Amazônia
Comissão Justiça e Paz de Itaituba
Pastoral da Juventude de Itaituba
Companhia Ecológica e Cultural Amazônia Viva
Associação de Mulheres Domésticas de Santarém – AMDS
COMOPEBAM – Comissão do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais do Oeste Pará e Baixo Amazonas
EETEPA – Escola Estadual Tecnológica do Pará – Itaituba
Sindicato da Construção Civil de Itaituba
Associação AICOTTACC do PAE Curuá II Santarém
Pastoral Social da Diocese de Santarém

. Foto: São Luiz do Tapajós, Ago/Set 2003
........... (autor desconhecido)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

extrativismo e desenvolvimento sustentável

extrativismo, vegetal, mineral, Amazônia, pecuária, pau-brasil, animal, sustentável, sustentabilidade O termo extrativismo designa toda atividade de coleta de produtos naturais, seja de origem animal, vegetal ou mineral. . Também significa, segundo o Ministério do Meio Ambiente, o sistema de exploração baseado na coleta e extração, de modo sustentável, de recursos naturais renováveis. 
Por modo sustentável se entende a exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável. 
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Assim, desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades. . O modelo de civilização e desenvolvimento no qual vivemos atualmente está longe de ser sustentável.

O Brasil começou como colônia extrativista de madeira, o pau-brasil (Caesalpinia echinata [1]), atividade que persiste até hoje, sobretudo na Amazônia, de maneira ilegal.

Na Amazônia a pecuária é uma atividade essencialmente extrativista e não-sustentável, além de ser responsável por grande parte do desmatamento da floresta uma vez que o pasto, quando não mais sustenta o gado, é abandonado e nova área desmatada. Os nutrientes antes existentes na floresta foram reduzidos pelo fogo após sua derrubada e agregados ao solo, não sendo repostos após o gado pastá-lo.

Também a pesca, para ser uma atividade sustentável, requer o respeito ao defeso, época de reprodução na qual fica proibida. Visando reduzir o impacto econômico no setor, nesta época os pescadores recebem do Governo Federal o seguro defeso.

Os extrativismos animal e vegetal, quando bem feitos, podem ser sustentáveis, mas o extrativismo mineral é essencialmente não-sustentável, à exceção da água. Na Amazônia o extrativismo do manganês na Serra do Navio, no Estado do Amapá, já fechou seu ciclo, a exploração do alumínio está a meio caminho em Oriximiná e iniciando em Juruti, ambas no oeste do Estado do Pará.

Quantas pessoas, empresas ou instituições, no Brasil ou no exterior, se perguntam se o produto que estão comprando foi produzido a partir de uma atividade sustentável?

"A ignorância, embora apanágio de muitos, é privilégio de poucos", não se permita ignorar.

Para saber mais sobre EXTRATIVISMO acesse o link em VISITE na barra de menu deste blog.

Prancha: Pau-Brasil (Caesalpinia echinata), acessível em Flora Brasiliensis na barra de menu.

[1] A taxonomia foi alterada, o Pau-brasil deixou de ser classificado como uma Caesalpinia, passando a ser 'Paubrasilia echinata'

a Carta de Belém

extrativismo IPAM IDEFLOR SAGRI Carta de Belém Presidente Lula

[IPAM]- Nos dias 6 e 7 de abril ocorreu em Belém (PA) um seminário, organizado pelo IPAM, em parceria com o IDEFLOR e a SAGRI, para debater o “Apoio ao Manejo Comunitário e Agregação de Valor aos Produtos Extrativistas”, que aprovou a carta abaixo enviada ao Presidente da República, Ministros de Estado e dirigentes do Congresso Nacional.
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Belém do Pará, 08 de abril de 2009.
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Excelentíssimo Senhor Presidente da República Federativa do Brasil,
Luis Inácio Lula da Silva
NESTA
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As instituições de governo e organizações da sociedade civil abaixo assinadas, reunidas no seminário “Apoio ao Manejo Comunitário e Agregação de Valor aos Produtos Extrativistas”, em Belém do Pará, vem respeitosamente solicitar Vossa atenção à Política Nacional de Manejo Florestal Comunitário e Familiar, cuja minuta final de Decreto, depois de discutida e aprovada pelas comissões Nacional de Florestas (CONAFLOR) e de Gestão de Florestas Públicas (CGFLOP) e após consulta pública, se encontra desde novembro de 2008 na Casa Civil.
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Tal regulamentação tem como fim instituir diretrizes parasubsidiar o estabelecimento de ações integradas de governo e sociedade civil, fundamentais não somente para propiciar a inclusão dos povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares na atividade de manejo florestal sustentável, como também para garantir uma maior efetividade no uso sustentável das florestas, haja vista que mais de sessenta por cento das florestas públicas inseridas no Cadastro Nacional de Florestas Públicas são ocupadas por este segmento e, dessa forma, podendo contribuir para a queda na taxa do desmatamento e no desenvolvimento das áreas afetadas por esta Política.
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Em imediato atendimento à demanda apresentada pela sociedade civil, foi colocado em pauta o tema durante a 15º Reunião da Comissão Nacional de Florestas, ocorrida em 29 de agosto de 2007, que deliberou pela criação de um Grupo de Trabalho, composto por representantes da sociedade civil, do governo federal e estaduais e de todos os biomas brasileiros, com o objetivo de discutir e subsidiar a Política Nacional de Manejo Florestal Comunitário e Familiar.
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Os trabalhos desse GT resultaram no projeto de Decreto, cujo conteúdo atende plenamente à demanda apresentada, inclusive no que se refere à garantia de recursos para sua implementação, articulados entre as ações de governo vigentes no PPA e nos recursos do Fundo Amazônia, pormeio do Plano Anual de Manejo Florestal Comunitário e Familiar, cujo primeiro esperamos aprovar até julho deste ano.
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Assim sendo, contamos com a habitual atenção de VossaExcelência para que este instrumento, fundamental ao atendimento dos anseios deste importante segmento social, possa ser firmado com a maior brevidade possível.
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Atenciosamente,
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Associação de Agricultores da Comunidade de Cocalino
Associação de Amigos do Parque Nacional da Amazônia
Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes - APACC
Beraca
Casa Familiar Rural de Santarém - CFR
Center for International Forestry Research - CIFOR
CODETER – Colegiado de Desenvolvimento Territorial do BaixoAmazonas
Cooperativa Mista Arte Extrativista – COOPERMARTIA
DENDROLOG
Escola Agrotécnica Federal de Castanhal - EAFC
EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará
Fórum dos Movimentos Sociais da BR-163
Fundação Moore
Fundação Viver Produzir e Preservar - FVPP
Iniciativa Amazônica - IA
Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará - IDEFLOR
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária/Superintendência de Santarém
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia - IPAM
ITERPA - Instituto de Terras do Pará
Escola Agrotécnica Juscelino Kubitschek
Oficina Escola Lutheria da Amazônia - OELA
Programa Pará Rural
Secretaria de Estado de Meio Ambiente - SEMA
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém
Universidade Federal do Acre - UFAC
Universidade Federal do Pará - UFPA
University of Florida
WWF - Brasil

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Foto: © Nelson Wisnik, 2008
.......... Abrigo de Jamaraquá, FLONA Tapajós

domingo, 19 de abril de 2009

povos nativos do Brasil

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Rendo minhas homenagens aos povos nativos do Brasil.
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Em mais de seis anos morando no barco Nheengatu em rios da Amazônia tive oportunidade de estar com alguns deles, viajar com eles, visitá-los em suas comunidades, conhecê-los um pouco, mais que isso, compreendê-los e respeitá-los.
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Embora alguns tenham sido meus alunos em cursos universitários formais, muito com eles aprendi, sobretudo sobre sustentabilidade ambiental e estrutura social comunitária e justa.

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Homenageio a todos apresentando um exemplar da cerâmica Tapajônica, a mais antiga das Américas, datada de 8.000 anos atrás.
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A foto apresenta um vaso cerimonial aberto sustentado por figuras antropomórficas, que acabou por ser conhecido como vaso de cariátides, nome que não endosso. Cariátides são as figuras em formas humanas femininas que sustentam algumas construções da antiga Grécia.
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Este vaso se encontra no Centro Cultural João Fona, em Santarém, uma das poucas peças restantes na região, pois a quase totalidade delas foi levada para fora do país. No Brasil algumas peças podem ser vistas no MAE - Museu de Atropologia e Etnologia da Universidade de São Paulo.
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A cerâmica Tapajônica, da região dos entrerios Tapajós-Madeira e Tapajós-Xingu, centrada em Santarém e atingindo também a bacia hidrográfica do rio Trombetas, é muito elaborada, complexa, com utensílios domésticos, cerimoniais, ornamentais, espirituais e funerários.
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A cerâmica Tapajônia é cerca de 3.000 anos mais antiga que a cerâmica Marajoara, embora esta seja mais conhecida.
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Assista ao video que apresenta os povos nativos do Brasil, na barra lateral deste blog.
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Foto: © Nelson Wisnik, 2008
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sábado, 4 de abril de 2009

World Press Photo 2009

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Esta imagem, de Luiz Vasconcelos, vencedora do prêmio World Press Photo 2009 na categoria Notícias Gerais, resume séculos de histórias ainda não acabadas. Os espanhóis e os portugueses já estiveram por trás dos escudos, hoje somos nós mesmos, os brasileiros.
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A relação dos vencedores em cada categoria, bem como suas fotos, pode ser acessada na página da organização, ativando o endereço no menu VISITE deste blog.
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Luiz Vasconcelos é fotógrafo do jornal A Crítica, de Manaus (http://www.acritica.com.br/)
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Foto: Luiz Vasconcelos
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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Radiação Ultra Violeta em Santarém

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A partir da medição de radiação Ultra-Violeta apresentada na postagem anterior foi calculada sua Fluência, a energia incidente totalizada por metro quadrado (kJ/m²), cuja evolução diurna está representada no gráfico abaixo.

Observa-se que ao final do dia a dose de energia Ultra-Violeta a que se fica exposto em Santarém, na condição de incidência solar mais atenuada pela sua inclinação em relação ao horizonte, chega a 2.000kJ/m², valor expressivo que recomenda cuidados, tais como o uso de filtro solar, óculos com garantida proteção UV, chapéu, camisa. As principais e mais visíveis consequências da exposição à radiação Ultra-Violeta são o câncer de pele, a catarata e o pterígio, estas últimas são afecções oftálmicas importantes e comumente constatadas na região. Vale ressaltar que a radiação Ultra-Violeta é difusa e dela não se obtém proteção por estar à sombra.
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terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Radiação solar em Santarém

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Em 23 de junho de 2008, época do solstício de inverno para o hemisfério sul, ocasião em que o Sol faz seu percurso aparente mais inclinado no céu, atingindo uma elevação angular máxima de 64° em relação ao horizonte na direção norte, resultando na menor intensidade da radiação, efetuamos medição desta sobre Santarém.

A medição foi realizada a bordo do barco Nheengatu fundeado no rio Tapajós em frente à cidade e o resultado da medição pode ser observado no gráfico ilustrado na figura acima.

No gráfico o eixo horizontal identifica a cronologia das observações, quantificadas em horas em relação ao trânsito solar, momento no qual o Sol cruza o meridiano local e se encontra na sua altura máxima em relação ao horizonte. É neste momento que a intensidade de radiação solar se faz sentir mais intensa ao longo do dia. Nesta data a ocorrência se deu às 11:42h, hora local. O eixo vertical quantifica a intensidade da radiação solar ao longo do dia em Watt por metro quadrado (potência energética por unidade de área). Na área do gráfico os quadrados representam o momento e a intensidade de radiação observados, a linha cheia é uma representação matemática da variação da intensidade da radiação neste dia. O valor máximo foi de 840W/m².

No mesmo gráfico está ilustrada uma linha tracejada representando a intensidade da radiação Ultra-Violeta contida na radiação solar (medida através da interposição de filtro específico).

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