terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Afinal, do que se trata?

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Nesta semana se realiza a tão falada e esperada Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), em Copenhague. Qual é a grande questão, afinal?

A ciência trata de estabelecer relações entre fenômenos naturais (através de equações, por exemplo) que sirvam de modelos matemáticos dos fenômenos observados, a partir dos quais se possam inferir efeitos a partir de eventos causais, naturais ou não.

Os gráficos ilustram, no eixo horizontal, a linha do tempo dos últimos 400 mil anos passados contados para trás a partir do ano de 1950, o qual corresponde ao zero na extremidade direita do eixo.

No gráfico superior, o eixo vertical corresponde à concentração de gás carbônico (CO2) na atmosfera terrestre em “ppmv” (partes por milhão, volumétricas). Nele se observa basicamente que a concentração de CO2 não se manteve estável ao longo desse tempo, mas sim apresentou oscilações entre concentrações de 180ppmv a 290ppmv. Quer dizer, para cada milhão de partes dos gases componentes da atmosfera terrestre (Nitrogênio, Oxigênio, Argônio, principalmente), de 180 a 290 correspondiam ao gás carbônico.

No gráfico inferior, o eixo vertical corresponde à temperatura média global da atmosfera, tendo como referência a normal climatológica tomada entre os anos de 1961 a 1990, que corresponde ao zero nesse eixo. Também se observa que a temperatura da atmosfera não se manteve estável ao longo desse tempo, apresentando oscilações desde temperaturas de 9ºC abaixo da atual até 3ºC acima.

A essa altura o leitor já deve ter observado a nítida correlação entre as variações da concentração de CO2 na atmosfera e da temperatura média dessa mesma atmosfera, ou seja, quando a concentração de CO2 estava mais alta a temperatura da atmosfera também era mais elevada, ou vice versa.

Algumas hipóteses podem ser levantadas:

Primeira, a temperatura da atmosfera e a concentração de CO2 não têm relação entre si, tratando-se efetivamente de uma (improvável) coincidência;

Segunda, a temperatura da atmosfera e a concentração de CO2 têm correlação com um terceiro fator, não identificado, que, ao variar, faz variarem também a temperatura e a concentração de CO2;

Terceira, a concentração de CO2 está relacionada à temperatura da atmosfera, que, ao variar, faz com que a concentração de CO2 se altere também, proporcionalmente;

Quarta, a temperatura da atmosfera está relacionada à concentração de CO2, que, ao variar, faz com que a temperatura da atmosfera se altere também, proporcionalmente.

Valendo a primeira, a segunda ou a terceira hipóteses a temperatura da atmosfera terrestre poderá entrar em declínio novamente reproduzindo variações observadas anteriormente, tese defendida por parte dos cientistas.

Valendo a quarta hipótese, a temperatura da atmosfera terrestre se elevará acompanhando a elevação da concentração de CO2. Os modelos físicos relacionados à emissão de radiação da Terra para o espaço e à absorção e retenção da energia solar pela Terra apontam para esta última hipótese, defendida por grande parte dos cientistas.

No tempo presente, que se configura na extremidade direita do gráfico superior, indiquei a elevação da concentração de CO2 ocorrida desde o início da revolução industrial, que teve lugar a partir do final do século 19, culminando com os atuais 380ppmv de concentração de CO2 na atmosfera.

O modelo econômico mundial está baseado no consumo, o qual requer produção, a qual requer energia, cuja matriz se sustenta em combustíveis não renováveis que têm como subproduto o CO2, que é jogado na atmosfera.

Parece até haver consenso na necessidade de se reduzir as emissões de CO2 na atmosfera, mas não em quanto reduzir nem quem reduzirá mais, pois esta mudança representará, ou a redução da atividade industrial (e lucro), ou a adoção de mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL) e os custos advindos dessa mudança. O próximo passo poderá ser anular as emissões e, posteriormente, seqüestrar mesmo parte do CO2 contido na atmosfera. Já há grupos de pesquisa trabalhando nisso.

Em discussão, vamos acompanhar pra ver.

Gráfico: UN