terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Comparação entre as estiagens de 2005 e 2010 na Amazônia

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Já é fato constatado, devidamente mensurado, publicado na revista Science, que a estiagem de 2010 foi mais forte que a de 2005, anteriormente tida como uma das mais severas. As conseqüências climáticas desta estiagem, seus efeitos sobre a mudança climática, não são tangíveis no nosso cotidiano em curto prazo, mas seus efeitos podem ser facilmente observados no nível dos rios.

A título de comparação, elaboramos um gráfico que ilustra a evolução do nível do rio Tapajós conforme registrado no linímetro posicionado no cais da CDP em Santarém, nos anos 2005 e 2010, a partir do dia primeiro de setembro de cada um desses anos, quando o nível era 4,10m.

Obseva-se que na estiagem de 2005 o nível mínimo de 1,24m foi atingido após 59 dias, recuperando o mesmo nível de primeiro de setembro em 122 dias.

Na estiagem de 2010 o nível do rio desceu a 0,50m em 51 dias, permanecendo abaixo de 1m por cerca de um mês, com dois valores mínimos relativos de 0,46m! Somente após 157 dias, em 3 de fevereiro próximo passado, o nível de primeiro de setembro foi novamente atingido.

Resumindo, em 2010 a estiagem foi um mês mais longa que a de 2005, e o rio Tapajós chegou a quase um metro abaixo do nível mínimo atingido naquele ano.

Em 19 de outubro e 15 de dezembro passados editamos postagens cujo intuito foi mostrar que já existiam informações disponíveis e confiáveis com as quais já era possível antever uma forte estiagem, fato esse que se concretizou. Assim, a administração pública teria condições de agir estrategicamente visando minimizar os problemas causados à população, sobretudo a ribeirinha, por uma situação extremante desta natureza.

Sobre esta estiagem leia também, abaixo, as postagens de 15 de novembro e 19 de outubro de 2010.

Gráfico: N. Wisnik

Fontes: ANA e INMET