terça-feira, 19 de outubro de 2010

Santarém está preparada?

. Santarem rio Amazonas Tapajos estigem seca Science 2005 2010
A forte estiagem que caracteriza a região este ano é conseqüência da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no Oceano Pacífico, que está anomalamente alta desde abril do ano passado, fenômeno conhecido com El Niño.

A variação do nível do Rio Tapajós parece seguir o padrão de 2005, a questão que se coloca é se a atual estiagem será tão intensa quanto aquela, ou mais.

Como o nível do rio em Santarém depende bem menos da precipitação local do que da precipitação rio acima, observando-se os desvios de precipitação na região amazônica ocorridos nos anos de 2005 e agora em 2010 podemos arriscar um prognóstico. Os mapas com os desvios de precipitação trimestrais de julho a setembro nos anos de 2005 e 2010 mostram que as situações nestes anos têm similaridades.

Mais próximo no tempo, o mapa de desvio de precipitação do último mês, setembro, mostra que a estiagem ainda não terminou, e mais, que a situação é mais grave do que em 2005, inferindo-se que o nível do rio deve continuar baixando.

A administração pública, tanto municipal quanto estadual, deve aprofundar a análise e se adiantar na perspectiva de problemas de deslocamento das embarcações, do “terminal’ hidroviário, do acesso às escolas e aos postos de saúde em comunidades ribeirinhas, problemas no abastecimento de água, de remédios, de gêneros de primeira necessidade, e não ficar esperando o fato consumado.

Em 2005 estive presente à seção legislativa da ALEPA em Santarém quando, entre tantos discursos de trocas de elogios que praticamente tomavam o tempo disponibilizado a cada Deputado, pude ouvir tímidas promessas de ações estruturais para que as dificuldades enfrentadas naquele ano não se repetissem caso nova estiagem acometesse a região. As ações foram tomadas? A região está preparada para a forte estiagem que se prenuncia?

Continuando a análise, a partir de maio deste ano constatou-se a inversão da anomalia da TSM do Pacífico, passando a ficar abaixo da normal, observando-se já em agosto o estabelecimento do fenômeno La Niña. Este fenômeno tem como impactos no Brasil o aumento da precipitação sobre as regiões Norte e Nordeste, enquanto a região Sul experimenta redução na precipitação e seca.

Alterações globais não acontecem da noite para o dia, mas a reversão do quadro de estiagem deve acontecer já na próxima cheia, a qual deverá ser grande e invadir novamente a cidade.

Para a análise descrita acima foram utilizadas informações sobre os desvios de precipitação que podem ser encontradas nas páginas do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e do INMET – Instituto Nacional de Meteorologia, e informações sobre os níveis dos rios que podem ser encontradas na página da ANA – Agência Nacional de Águas.

.

Nenhum comentário: