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Em geral as pessoas que viajam conosco no barco Nheengatu têm curiosidade sobre a origem deste nome.
Nheengatu é a língua geral, falada no Brasil até aproximadamente 1758. Faça as contas, de 1500 a 1758 anos são 258 anos, e de 1758 a 2008 são 250 anos, portanto falamos durante mais tempo Nheengatu do que estamos falando Português! Falamos uma língua tão embebida de NheengatuPortuguês que já a chamam de Brasileiro(a).
Nheen significa fala, e gatu significa boa, ou seja, língua fácil de ser entendida (pelos Tupis, é claro).
"A palavra Tupi significa o grande pai ou líder. Ora, os Tupis se achavam o máximo tanto que chamavam a si mesmos de tupis. Já Guarani significa guerreiro." (**)
Morumbi, por exemplo, significa mosca verde, varejeira.
O uso do Nheengatu foi proibido através de decreto do Marquês de Pombal, Ministro Plenipotenciário de Portugal, sendo instituído o Português como língua oficial. Teve seus motivos.
Segundo uma das versões havia sido descoberto ouro em Minas Gerais, sendo então enviados os coletores de tributos (20%, um quinto da produção, o quinto dos infernos), que não sabiam falar o Nheengatu. Como identificar se estavam sendo ludibriados? Falando a mesma língua. Assim, nada mais natural então que fazer com que todos falassem a língua dos coletores.
Outra relata que o decreto visou reduzir o poder dos Jesuítas, que a falavam fluentemente e tinham grande influência na colônia. Acabaram por serem expulsos do Brasil, com a distribuição de suas posses (que não eram poucas, incluindo índias cativas) entre os puxa-sacos de plantão (que já existiam desde tempos imemoriais e sobreviverão à própria espécie humana).
Em uma terceira versão, defendida pelo historiador Evaristo Miranda em seu livro "Quando o Amazonas Corria para o Pacífico - Uma História Desconhecida da Amazônia", instituir a língua portuguesa em lugar da brasílica (como é chamada pelos acadêmicos a língua Nheengatu) fez parte de uma estratégia mais ampla que culminou com a anexação da Amazônia ao império português, embora situada a oeste da linha de Tordesilhas. Mas esta história será contada em outra postagem.
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Uma estória indígena:
"Era uma vez um macaquinho guloso que soube que haviam frutas numa certa cumbuca feita de uma árvore chamada sapucaia. Introduziu a mão no recipiente. Ao tentar tirá-la, a mão ficou presa. Assustado, o bichinho disparou-se aos pulos pela floresta arrastando a sapucaia e gritando desesperadamente: Ai! Ai! Ai! Cuimbisca hu pscá se pú! Ai! Ai! Ai! Cuimbusca hu pscá se pú! (Ai! Ai! Ai! Cumbuca pegou minha mão).
Os macacos se assustaram e foram ajudar o macaquinho em apuros. Seguraram o filhote e chamaram o macaco mais velho para aconselhar como retirar a mão do macaquinho da cumbuca. O velho examinou a cumbuca, pegou uma pedra e, em repetidos golpes, quebrou a cumbuca, libertando a mão do macaquinho travesso.
Recuperado do susto, o filhote perguntou ao macaco velho: Macaca tamuia taá inti ana cuimbisca hu pscá ana i pú? (Vovô, cumbuca já pegou sua mão?) Respondeu o macacão: Macaca tuiué inti hu mundéo i pú cuimbisca o pé (Macaco velho não mete mão em cumbuca).
cuimbusca / cuimbisca "cumbuca" — kuî-(?) "cuia (...?)"
hu sufixo verbal de 3ª pessoa — o-
pscá "pegar" — pysyk
se "meu" — xe
pú "mão" — pó
macaca "macaco" — do português
tamuia "avô" — tamy-îa "avô", "antepassado"
taá partícula interrogativa — (?)
inti "não" — talvez de ndi týbi "não há"
ana partícula indicativa de passado — (?)
i "seu" — i "seu" ("dele")
tuiué "velho" — tuîba'e
mundéo "meter" — mondeb
o pé "dentro de" — pupé (upé em algumas línguas tupi-guarani)
Fonte:
http://tupi.wikispaces.com/YRL+-+textos+-+Macaco+velho+não+mete+mão+em+cumbuca
acesso em em 28 de dezembro de 2007
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(*) Oswald de Andrade
(**) Ozias Alves Jr
domingo, 24 de fevereiro de 2008
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