A bacia hidrográfica do Rio Arapiuns está quase totalmente dentro do Município de Santarém, à exceção das cabeceiras dos rios Maró e Aruã, seus formadores (estas estão localizadas no Município de Juruti).
Às margens do Rio Arapiuns estão localizadas mais de trinta vilas/comunidades, total superando 20 mil habitantes só na margem direita, na Reserva Extrativista Arapiuns-Tapajós. O único meio de acesso destes comunitários à sede do município é via transporte fluvial pelo Rio Arapiuns. Os comunitários trazem seus produtos para comercialização em Santarém (frutas, animais de criação para abate, farinha, canoas, madeira semi-aparelhada) e, com os recursos assim obtidos, além dos benefícios sociais e aposentadorias, compram ou trocam e levam às comunidades produtos industrializados (vestuário, alimentos, remédios, utensílios domésticos) e combustíveis (gasolina, querosene, óleo diesel, álcool, gás de cozinha).
São cerca de vinte pequenas embarcações operando o transporte fluvial pelo Rio Arapiuns a partir de Santarém, cada embarcação realizando duas viagens semanais de ida e volta, transportando, em média, vinte e dois passageiros cada, atingindo mais de sete mil passageiros mensais (4,3 semanas por mês).
O Rio Arapiuns é o maior afluente do Rio Tapajós e tem a sua foz determinada, na sua margem direita, pela Ponta do Urucuri. Defronte à Ponta do Urucuri há pedras que constituem um perigo à navegação. O Rio Arapiuns não está cartografado para navegação nem é sinalizado.
Próximo à foz do Rio Arapiuns não há nenhuma comunidade com iluminação que possa servir de referência para navegação nesta área (na verdade não há comunidades com luz firme durante toda noite ao longo do rio). Em noites sem luar ou com cobertura de nuvens a visibilidade é praticamente nula. As condições de tempo podem mudar rapidamente surpreendendo as embarcações já em trânsito.
As embarcações que empreendem o transporte fluvial na região amazônica, mesmo as maiores, não contam com equipamentos sofisticados de navegação como o Radar ou GPS, contam, na sua maioria, porém nem todos, com o auxílio de farol.
A navegação estimada fica prejudicada pela falta de visibilidade de pontos de referência para correção dos abatimentos provocados pela correnteza do rio e pelos ventos. Tempestades são comuns nesta região e dependendo da estação do ano, uma realidade diária. Viajando de Santarém para o Rio Arapiuns o último ponto de referência antes da Ponta do Urucuri é a Ponta do Jari, distante 6,7 milhas náuticas, uma viagem de aproximadamente uma hora. Se houver um batimento de 6 graus (aproximadamente 10%) para bombordo a embarcação é levada em direção às pedras. Na época do “verão” (segundo semestre), quando o rio está baixo e o perigo é maior, ventos Alísios quase constantes sopram com rumo entre 240 graus e 260 graus (sudoeste), podendo provocar facilmente este abatimento.
As pedras da Ponta do Urucuri constituem, portanto, um perigo real e sério à navegação no Rio Arapiuns, sendo necessária providência urgente para sua sinalização antes que acidentes com vítimas fatais venham a ocorrer.
quinta-feira, 29 de março de 2007
O perigo das pedras da Ponta do Urucuri
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