quarta-feira, 21 de março de 2007

Nela, em se plantando, nem tudo dá ...

jirau para hortaliças em residência no lago Maicá

Parodiando a famosa frase de Pero Vaz de Caminha em sua carta a el-rei Dom Manuel, “Nela, em se plantando, tudo dá” ("E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem." [1]), criando o primeiro paradigma agrícola do Brasil, tão forte que ainda há quem nele acredite mas, nela em se plantando, nem tudo dá.

Fazendo uma digressão, sugiro a leitura do editorial de Carlos Vogt na Revista Eletrônica de Jornalismo Científico ComCiência [2], no qual comenta sobre a carta de Caminha e de outros viajantes, contextualizando historicamente.

Com relação à soja e ao clima, um estudo importante foi publicado em 2002 pelo GTZ – Agência de Cooperação Técnica Alemanha Brasil [3], alerta que apenas até os limites da fronteira conhecida como “arco do desmatamento” as condições de pluviosidade satisfazem os requisitos para implantação de cultura mecanizada de soja.

Não é por acaso que os produtores rurais de soja na região do Oeste do Pará ainda não conseguiram a produtividade esperada por eles, inviabilizando muitos empreendimentos.

[1] Cortesão, Jaime - "A carta de Pero Vaz de Caminha"Lisboa: Portugália, 1967, pp. 221-57,
apud Darcy Ribeiro &Carlos de Araujo Moreira Neto (orgs.),
A fundação do Brasil:Testemunhos, 1500-1700. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992, pp. 84-91

[2] “Viagem pelas Crônicas” – Vogt, Carlos – Revista Eletrônica de Jornalismo Científico ComCiência N.77 Campinas junho de 2006
http://www.comciencia.br/comciencia/ ?section=8&edicao=14&id=121

[3] "Paisagens, Biodiversidade, Solos e Pluviosidade na Amazônia" - Sombrek, Wim - Cadernos de Cooperação Técnica 02/2002 GTZ Manaus


Foto: Nelson Wisnik, (C) 2007

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